Na manhã desta sexta-feira, 18 de janeiro, durante o 12º dia da trezena em honra ao Padroeiro da Cidade, São Sebastião, a Arquidiocese do Rio de Janeiro e a Igreja Católica no Brasil viveram um momento histórico: o Arcebispo Metropolitano, Dom Orani João Tempesta, deu início ao processo de beatificação de Odette Vidal de Oliveira (Odetinha). A partir desse ato jurídico canônico, que instaurou o Tribunal que vai verificar a vida, as virtudes e a fama de santidade da candidata aos altares, Odetinha já pode ser chamada de Serva de Deus.
— Eu creio que é um dia histórico para o Rio de Janeiro. (...) Ela sempre foi tida como santa entre o povo; e uma vez que o povo aclama, cabe à Igreja investigar e começar a identificar sobre tudo isso, para que, um dia, se for da vontade de Deus e for realmente comprovado, ela possa ser colocada como digna de ser exemplo para toda pessoa pela sua vida de santidade. (...) É o primeiro processo de uma menina carioca e queira Deus que ela possa subir aos altares e ser tida como exemplo para tantas crianças e para tantas pessoas que vivem a vida cristã, desejou Dom Orani.
A Igreja Nossa Senhora da Glória estava lotada de devotos à espera das relíquias de Odetinha, que foram recebidas com fogos, aplausos e muita emoção. Levadas da Catedral Metropolitana até o local em uma urna de madeira, pelo carro do Corpo de Bombeiros — ornamentado com lírios, que eram as flores preferidas da menina, e com a bandeira da Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013) e da Cidade do Rio de Janeiro —, foram motivo de oração pelas ruas do Centro do Rio. De acordo com o Arcebispo, a escolha dessa Paróquia para a abertura do processo canônico se deu pela proximidade do local com a casa da família de Odetinha e para destacar a importância que a família tem para a boa formação cristã.
— Somos privilegiados por viver este tempo. (...) Que esses sinais, dos quais somos testemunhas, possam ajudar a todos a viver bem a sua fé, independente das mudanças socioculturais, pediu o Arcebispo.
Conforme as normas da Santa Sé, teve início a cerimônia, na qual estavam presentes os Bispos auxiliares desta Arquidiocese, o Bispo de Duque de Caxias, Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, diversos membros do clero, religiosas e autoridades civis. Dom Orani apresentou os membros integrantes do Tribunal Eclesiástico que cuida da causa e, em seguida, o notário atuário nomeado, Ronaldo Frigini, destacou que o ato jurídico canônico aberto para a pesquisa sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade de Odetinha lembra a importância da santidade para a vida cristã. Ele também explicou que esses estudos não são incomuns e nem mais raros no país, já que no Brasil há cerca de 60 processos em andamento.
— A Igreja não fabrica santos, mas declara santo aquele que serve de exemplo para todos os cristãos. (...) Santo não é aquele que faz algo extraordinariamente grande, mas o que torna alguém santo é aquilo que faz de grande nos pequenos detalhes do cotidiano da sua vida, elucidou.
A ata com as nomeações e documentos apresentados foi lida e os membros nomeados para o Tribunal fizeram juramento sobre os Evangelhos, que são a verdade, para simbolizar seu comprometimento com a veracidade da pesquisa e investigação, ao longo do processo de beatificação. O chanceler da Cúria Metropolitana, Monsenhor Hélio Pacheco, afirmou a autenticidade do documento oficial da Arquidiocese.
Hora dos testemunhos das graças alcançadas
Após o trabalho da equipe histórica, que fez o levantamento das informações referentes à vida de Odetinha, e com o ato canônico jurídico do Tribunal, a partir de agora tem início a pesquisa pelos testemunhos de graças alcançadas pelos fiéis devotos, de forma a verificar a vida, as virtudes e a fama de santidade da Serva de Deus.
— Estamos acostumados a ouvir sobre santos de outras épocas, (...) mas todos somos chamados à santidade, chamados a corresponder à graça de Deus. (...) Este momento, no Ano da Fé e da juventude, é um sinal... Eu tenho certeza de que em nossa Arquidiocese há muita gente santa. E pedimos a Deus que esses continuem sendo belos exemplos, desejou Dom Orani.
Se for comprovado pela Congregação para a Causa dos Santos que a fama de santidade de Odetinha é autêntica pela vivência de atos heróicos em grau elevado, será necessária a comprovação médica e científica de milagre para a beatificação. Não há prazo para a conclusão do processo:
— O prazo é de Deus. O que depende de nós agora é escutar, investigar, pesquisar. Todas as pessoas que querem dar depoimento sobre se a conheceram, sobre sua vida, virtude e fama de santidade, agora podem e devem fazer isso. O Tribunal foi constituído para isso, motivou o Arcebispo.
As relíquias de Odetinha permanecem na Igreja Nossa Senhora da Glória, disponíveis à visitação até às 20h do próximo sábado, dia 19, com intensa programação na comunidade, pedindo a Deus a graça da beatificação da Serva de Deus: hoje, haverá missas às 17h e 18h e benção com o Santíssimo às 20h. No sábado, as missas acontecerão às 7h, 8h, 9h e 17h e haverá oração do terço às 15h. A Paróquia fica no Largo do Machado, s/n, em Laranjeiras.
No domingo, as relíquias de Odetinha estarão presentes na procissão em honra ao padroeiro da Cidade, São Sebastião, que sairá às 16h da Paróquia São Sebastião, dos padres capuchinhos, na Tijuca (Rua Haddock Lobo, 266), em direção à Catedral Metropolitana, no Centro.
Fonte: Arquidiocese
Equipe PasCom
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