sábado, 3 de dezembro de 2011

A voz do Papa

"Queridos amigos, Cristo não se interessa tanto de quantas vezes vacilamos e caímos na vida, como sobretudo de quantas vezes nós, com a Sua ajuda, nos erguemos. Não exige acções extraordinárias, mas quer que a sua luz brilhe em vós. Não vos chama porque sois bons e perfeitos, mas porque Ele é bom e quer tornar-vos seus amigos. Sim, vós sois a luz do mundo, porque Jesus é a vossa luz. Sois cristãos, não porque realizais coisas singulares e extraordinárias, mas porque Ele, Cristo, é a vossa, a nossa vida. Vós sois santos, nós somos santos, se deixarmos a sua graça agir em nós." 

Papa Bento XVI durante a vigília de oração com os jovens na Alemanha- setembro de 2011




      Palavras fortes e belas estas do Santo Padre Bento XVI, válidas para jovens e adultos em geral. Elas nos animam na busca de Deus, na libertação dos pecados. O pecado é como que uma queda. Que fazemos quando vamos ao chão? Simplesmente nos erguemos e prosseguimos nossa caminhada. No caso do pecado, contamos sempre com a ajuda, com a graça de Jesus Cristo para nos auxiliar a nos reerguer. Tal ajuda nunca falta. Infelizmente somos fracos e frágeis e muitas vezes vacilamos e caímos na vida. As repetidas quedas nos desencorajam e nos dão muitas vezes a tentação de desistir do bem, da luta, achando-nos incapazes de levar vida cristã. O Senhor quer ver boa vontade de nossa parte. Sentindo tal boa vontade, desejo de acertar, nostalgia do bem, ele não deixará de vir a nós para nos dar forças.
      Uma segunda consideração do Papa é no sentido de que levar vida cristã não exige ações extraordinárias. Nem todos precisam morrer mártires. Existe o martírio do cotidiano, o esforço diário de colocar Deus na vida, de procurar agradá-lo, fazer sua vontade onde ele nos colocou: na família, na escola, no trabalho, no clube, etc. Em todos os lugares não devemos esquecer-nos de Deus, mas exercitar-nos na fé, rezar com simplicidade (pensar em Deus com amor), exercer a caridade para com o próximo, lutar contra as tendências ao egoismo. Ele não faltará, pois, como diz tão bem o Papa, Cristo quer tornar-nos seus amigos. O primeiro movimento de aproximação, não é nosso em relação a Cristo, mas dele em relação a nós. Ele é bom, é a própria Bondade. Daí nos chamar a uma intimidade maior com ele, apesar de nossas falhas.
      O importante, salienta Bento XVI, é também considerar a Jesus Cristo como nossa vida. Ele tem que ser importante para nós e não algo secundário, moda passageira, o que infelizmente muitas vezes acontece no mundo da juventude. Ele é a nossa luz. Como não recordar o Evangelho de São João? “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12).
      Enfim, o batismo nos leva a ser santos, ou seja, separados do impuro e destinados a amar e servir a Deus. A união com Cristo nos torna santos e devemos simplesmente deixar que a graça de Cristo possa agir em nós. “Vós sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa” (1 Pe 2, 9).
      Todo o discurso do Papa foi um texto positivo, podemos dizer, para sacudir os jovens e levá-los a Cristo.

+ D. Abade José Palmeiro Mendes, OSB 
Abade Emérito de Nossa Senhora de Montserrat - Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro.