A palavra “Igreja”, no Antigo Testamento, indicava, entre os hebreus, a assembléia santa dos filhos de Israel, depositária da aliança com Deus e instrumento humano da história da salvação (cf. Num 20,4; Deut 23, 1; Juí 20,2; I Sam 17, 47; I Cron 29,1). Já no Novo Testamento, tal palavra indicava a assembléia dos cristãos de Jerusalém, as comunidades fundadas por São Paulo, em suma a assembléia de todos os cristãos, além da Igreja Católica, fundada por Jesus (cf. Mt 18, 17; 16, 8; 28, 19; Jo 17, 4). À Igreja, Jesus confiou o depósito da Sua Palavra (cf. Lc 22, 32s; Jo 14, 16). Com relação a esse último ponto, o Papa Bento XVI, na sua Exortação Apostólica “Verbum Domini”, nº 29, nos diz: “(...) o lugar originário da interpretação da Escritura é a vida na Igreja. Esta afirmação é uma exigência da própria realidade das Escrituras e do modo como se formaram ao longo do tempo”.
Assim sendo, após Pedro exprimir sua fé em Jesus como o Filho do Homem, Jesus o constitui chefe visível dos Apóstolos e de todo a Igreja (“tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela / Eu te darei a chave dos reinos dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que o que desligares na terra será desligado nos céus”, Mt 16, 18s). Portanto, a Igreja é apostólica, pois tem o seu fundamento na fé dos Apóstolos em Cristo Jesus.
Dessa maneira, faz-se necessário ressaltar que a Igreja teve sua origem, como um verdadeiro organismo, em Pentecostes. Lembramo-nos que neste dia, o Espírito Santo se deu aos Apóstolos reunidos com Maria no Cenáculo de Jerusalém. Cheios do Espírito Santo, começam a pregar em diversas línguas, anunciando a Boa-Nova de Nosso Senhor Jesus Cristo às pessoas de diversas nacionalidades presentes na ocasião. São batizadas 3000 pessoas. A Igreja era movida pelo Espírito Santo. As Sagradas Escrituras nos dizem como estes primeiros cristãos viviam: “Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações / De todos eles se apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em Jerusalém, e o temor estava em todos os corações. / Todos os fiéis viviam unidos e tinham tudo em comum. / Vendiam as suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos, segundo a necessidade de cada um. / Unidos de coração, freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida com alegria e singeleza de coração, / louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo. § E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros, que estavam a caminho da salvação”, At 2, 42-47). Sobre estas passagens a observação de alguns pontos faz-se necessária. Em primeiro lugar, o trecho “perseveram eles na doutrina dos apóstolos”, se refere ao caráter apostólico da Igreja (que foi mencionado acima). Em segundo lugar, o trecho “fração do pão”, significa o rito eucarístico, a memória da Paixão de Cristo, instituída na Última Ceia, praticada por ocasião da refeição comum.
A partir daí, a fé cristã começa a se propagar. Inicialmente, tal propagação se limitava a um contexto essencialmente judeu. Porém, no ano 37, o importante líder judeu Saulo de Tarso, grande perseguidor dos cristãos, se converte, após ter uma visão de Jesus, no caminho para a cidade de Damasco. Paulo, como passa a ser chamado, teve um importante papel ao expandir o cristianismo para outros povos. Pregou nas ilhas do Egeu, na Ásia Menor, Grécia, Itália e etc. Pedro também decidiu pregar a outros povos. Dessa forma, ele chegou a Roma, onde organizou uma comunidade de cristãos.
Assim sendo, o número de convertidos crescia, principalmente nos meios urbanos, enquanto que o campo conservava suas crenças pagãs.
Se intensificavam também as perseguições e a repressão das autoridades romanas. Os romanos costumavam ser tolerantes com as religiões dos povos que conquistavam, desde que fossem politeístas, uma vez que o próprio imperador era adorado como um deus. Ora, se uma religião acredita em um só deus, não vai adorar o imperador. Dessa forma, os praticantes dessa religião eram vistos como traidores e uma ameaça política. No ano de 64, após o incêndio de Roma, o imperador Nero desencadeia grande perseguição aos cristãos. Com isso, no ano de 67, os apóstolos Pedro e Paulo são executados em Roma. As maiores e as mais graves perseguições aos cristãos se deram no governo de Diocleciano (284-305). Nessa época, muitos mártires deram o testemunho de seu amor a Cristo: São Jorge, São Sebastião, São Cosme e São Damião e etc.
Entretanto, mesmo com todas as perseguições o número de cristãos continuava crescendo, conseguindo adeptos até mesmo nas camadas dirigentes da sociedade. Dessa forma, já não se podia ignorar o cristianismo. No ano de 313, o imperador Constantino publica o Edito de Milão, que estabelecia a liberdade religiosa no império romano e proibia a perseguição aos romanos. E, finalmente, no ano de 380, o imperador Teodósio faz do cristianismo a religião oficial do Império romano.
Equipe PasCom