quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Familia Ratzinger: Um exemplo de familia orante

O Papa Emérito Bento XVI nasceu em uma família profundamente católica. Seus pais, Joseph (1877-1959) e Maria (1884-1963), casaram-se em 1920 e tiveram três filhos: Maria (1921-1991), Georg (1924) e Joseph/Bento XVI (1927). Os filhos homens entraram para o seminário e foram ordenados sacerdotes no mesmo dia, 29 de junho de 1951. O mais velho, Georg, tornou-se um grande músico na Alemanha e durante décadas foi o Maestro do coro da Catedral de Regensburg, um dos melhores do mundo e de renome internacional. O mais novo, Joseph, tornou-se um brilhante teólogo e professor, assumindo diversos serviços na hierarquia eclesiástica, sendo Arcebispo, Cardeal, até ser eleito como o Sucessor do Apóstolo Pedro.
Em 2011, um jornalista alemão, Michael Hesemann, realizou uma série de entrevista com o irmão do então Papa Bento XVI, Monsenhor Georg Ratzinger. Destas entrevistas surgiu um livro, Meu irmão, o Papa, que narra a trajetória dos dois irmãos, com o foco na vida de Bento XVI. O livro pode ser encontrado em livrarias católicas. Até há alguns meses, tinha exemplares dele na loja da Canção Nova, no Centro (Rua do Rosário
No livro, o Monsenhor Georg mostra como a vida de sua família era guiada pela oração, estando a religiosidade bastante presente no dia-a-dia da família. Por exemplo, segundo ele, “o nosso completo decurso do ano era definido pelas celebrações religiosas” (RATZINGER, 2012, p. 44)*. Além disso, “a oração do Rosário era um hábito quase diário em nossa família, e obrigatório aos sábados. Nós nos ajoelhávamos no chão da cozinha, cada um com os braços apoiados em uma cadeira à frente e um de nós, geralmente papai, recitava a oração” (p. 39).
Mas é bastante significativo um testemunho feito pelo Monsenhor e um alerta que ele lança para os pais e mães católicos:
“Quando ficamos um pouco mais velhos, primeiro eu, depois o meu irmão, éramos coroinhas aos domingos e às vezes durante a semana, enquanto a nossa mãe e a nossa irmã iam a outra Missa. Em alguns domingos, chegávamos a assistir duas Missas, a primeira como coroinhas e a outra com a família. Por exemplo, a Missa matinal, às 6 horas da manhã, ou o serviço paroquial às 8 horas ou 08:30 da manhã. Na parte da tarde, às 2 horas, havia mais uma Missa, e nos feriados tinha as Vésperas.
Esta devoção vivida e praticada determinou nossas vidas, embora eu hoje celebre apenas uma Missa Sagrada por dia e renuncie a ir a uma segunda vez. Mas àquilo que recebemos de berço, nós permanecemos fiéis por toda a vida.
Estou convencido de que a ausência desta piedade tradicional em muitas famílias é uma razão para a atual carência na nova geração de padres. O que muita gente pratica é mais uma forma de ateísmo do que de Cristianismo. Talvez até mantenham uma vaga religiosidade de alguma forma, por exemplo, indo à Missa para as grandes celebrações. Mas esta fé rudimentar não permeia suas existências, ela já não está inscrita em suas vidas cotidianas. Isso começa pelas refeições, que eles fazem sem sequer pensar em alguma oração, e vai até o ponto em que já não vão à igreja regularmente aos domingos. Assim é introduzido um modo de vida quase pagão. Se a uma vida religiosa não é praticada dentro da família, isso se refletirá por toda a vida de uma pessoa. Eu converso frequentemente com meus irmãos padres; a maioria viveu em famílias que oravam regularmente, e nas quais todos iam juntos à Missa. Isso moldou suas vidas e orientou-os no caminho de Deus. Desta forma, sua vocação foi semeada em solo fértil” (pgs. 42-43).
Estas palavras do Monsenhor Georg são muito importantes. Mostram, em primeiro lugar, os belos efeitos que há numa família que vive sua fé (união, partilha, boa educação dos filhos e, não rara vezes, uma vocação religiosa). Uma família católica que planta e cultiva a raiz da fé, terá filhos “enraizados e edificados em Cristo, inabaláveis na fé” (cf. Col 2, 7). Mas, em contrapartida, quando uma família não vive sua religiosidade, os filhos crescem sem perceber o verdadeiro sentido da vida humana, que é buscar a Deus.
Que as famílias católicas possam aprender com o exemplo da família Ratzinger!



ORAÇÃO DA FAMÍLIA

“Ó Deus, de que procede toda paternidade no Céu e na Terra, Pai, que és Amor e Vida, faz que cada família humana sobre a Terra se converta, por meio de teu Filho, Jesus Cristo “nascido de Mulher”, e mediante o Espírito Santo, fonte de caridade divina, em verdadeiro santuário da vida e do amor para as gerações que se renovam. Faz que tua graça guie os pensamentos e as obras dos esposos para o bem de suas famílias e de todas as famílias do mundo. Faz que as jovens gerações encontrem na família um forte apoio para a humanidade e seu crescimento, na verdade e no amor. Faz que o amor, reafirmado pela graça do sacramento do matrimônio, revele-se mais forte que qualquer debilidade e qualquer crise, pelas quais às vezes passam nossas famílias. Faz, finalmente, te pedimos por intercessão da Sagrada Família de Nazaré, que a Igreja em todas as nações da Terra possa cumprir frutiferamente sua missão na família e por meio da família. Tu que és a Vida, a Verdade e o Amor, na unidade do Espírito Santo.
Amém!” (Beato João Paulo II).


*RATZINGER, Georg. Meu irmão, o Papa: da infância ao pontificado: um tocante relato sobre a vida de Bento XVI/Georg Ratzinger; depoimento a Michael Hesemann. São Paulo: Editora Europa, 2012.