quinta-feira, 21 de março de 2013

O pecado original

O pecado original ao longo dos anos tem tomado um caráter figurativo no senso comum dos fiéis, o que contribuiu para isso foi o mau entendimento do que ele é.

O pecado original tem sido retratado de forma cômica por diversos canais de comunicação, sejam charges, livros e filmes. A imagem hollywoodiana que nos vem sempre a mente é a de nossos primeiros pais, Adão e Eva, comendo a maçã proibida. Ora, em nenhum momento, o livro de Gênesis se refere a uma maçã, mas sim a um fruto da arvore da ciência. Desde quando comer uma maçã pode ser pecado? O pensamento mais rudimentar sobre isso nos faz tornar a narração do Éden realmente cômica. Convêm nos atermos as Sagradas Escrituras e à Tradição da Igreja deixando de lado as imagens parodiadas, para uma compreensão correta sobre o fato.
Adão e Eva, diferentemente de nós, não tinham inclinações ao pecado (que é uma consequência do pecado original), ao contrário tinham habilidades Preternaturais como imortalidade, isenção do sofrimento, e alta ciência e sabedoria o que dava a eles clara compreensão sobre suas ações.
Todo amor para ser confirmado precisa ser provado, pois só a prova determina a disposição das palavras. Vejamos o exemplo dos pais: Eles se dispõem desde a gestação a cuidarem dos filhos. Abrem mão do seu tempo e por vezes de seus sonhos particulares para levar a cabo a missão de cuidar dos filhos até a fase adulta, por isso, quando um pai (ou mãe) diz ao filho que o ama aquele amor contem uma disposição provada. Entretanto, como um filho pode provar ao pai que o ama? Sendo obediente ao que ele diz! Quando o filho se submete aos pais lhe devota seu amor e demonstra sua confiança. Nos diz o Catecismo da Igreja Católica que “Deus criou o homem à sua imagem e o constituiu em sua amizade. Criatura espiritual, o homem só pode viver esta amizade como livre submissão a Deus” (CIC, nº 396). Dessa maneira, como poderiam Adão e Eva demonstrar seu amor e confiança a Deus, se não sendo obedientes e submissos a Ele? E para dar a Adão e Eva a possibilidade de demonstrar seu amor e confiança, Deus impõe uma ordem simples: “Não comer do fruto da ciência”. Esta ordem mostra que o homem deve ser submisso ao Criador, pois depende Dele. 
Seduzida pelo pai da mentira Eva come do fruto e convence também Adão a comer, desobedecendo assim a Deus. Portanto, falharam na oportunidade que tiveram de demonstrar todo seu amor, confiança e gratidão a Deus. “O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem. Todo pecado, a daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade” (CIC, nº 397).
As consequências disso foram enormes: perderam seu lugar no paraíso e seus dons preternaturais, ficando abertos a morte, a doença e a concupiscência. Adão e Eva perderam sua santidade original.

O pecado de nossos primeiros pais também resultou em conseqüências para toda a humanidade, pois “a partir do primeiro pecado, uma verdadeira ‘invasão’ do pecado inunda o mundo” (CIC, nº 401). Nos diz São Paulo que “como por meio de um só homem o pecado entrou no mundo e, pelo pecado, a morte, assim a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram...” (Rm, 5, 12). Assim, pela “desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores” (Rm 5, 19). Ou seja, se Adão havia recebido a santidade e a justiça original não exclusivamente para si, mas para toda a natureza humana, a partir do pecado original, há a transmissão de uma natureza humana privada da santidade e da justiça originais (cf. CIC, nº 404). Assim, o homem está inclinado a pecar e a vida humana é um árduo combate contra o mal. Neste sentido, é interessante recordar as palavras do Papa Emérito Bento XVI, em sua homília no 40º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II e Solenidade da Imaculada Conceição, no dia 08 de dezembro de 2005, quando diz que “durante toda a história continuará a luta entre o homem e a serpente, ou seja, entre o homem e os poderes do mal e da morte”.
Ao homem é possível se voltar para Deus. E o Papa Emérito Bento XVI, naquela mesma homília, apresenta a fórmula para isto. Dizia o então Romano Pontífice: “o homem que se abandona totalmente nas mãos de Deus não se torna um fantoche de Deus, uma maçadora pessoa consencientemente; ele não perde a sua liberdade. Somente o homem que confia totalmente em Deus encontra a verdadeira liberdade, a grande e criativa vastidão da liberdade do bem. O homem que recorre a Deus não se torna menor, mas maior, porque graças a Deus e juntamente com Ele se torna grande, divino, verdadeiramente ele mesmo”


Equipe PasCom